terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O Presépio em Portugal





pormenores de Presépios – oficina de Machado de Castro
séc. XVIII – barro policromado

Machado de Castro (Coimbra, 1731 – Lisboa, 1812)
Escultor, trabalhou na chamada Escola de Mafra. É autor das esculturas do monumento a D. José, no Terreiro do Paço, em Lisboa. Foi um notável ceramista, criador de minuciosos presépios de barro policromado.

Os presépios portugueses constituem importantes obras de arte, grandes barristas portugueses ocuparam-se com esta arte. Nestes presépios existe uma conciliação perfeita do folclore português com as correntes estéticas.

O Livro da Fundação do Mosteiro do Salvador da Cidade de Lisboa, de 1618, de autoria de Maria Baptista, refere-se à existência de um presépio ali, antes dos meados de Quinhentos, presépio esse muito venerado.

Há notícia de, pelo menos, outro presépio em Lisboa no século XVI, este foi encomendado a Bastião d’Artiaga em 1558 pela irmandade dos Livreiros de Lisboa, para a Igreja de Santa Catarina do Monte Sinai.

No século XVII, os presépios começam a espalhar-se pelo país.
O presépio barroco, no século XVIII, desenvolveu-se em Portugal no reinado de D. João V, recebendo talvez sugestão dos seus congéneres do Sul de Itália.
É neste século que se notabiliza, em Portugal, a produção de presépios pelas mãos de grandes barristas, em especial, Machado de Castro e António Ferreira.

Machado de Castro, em defesa perante as opiniões de um crítico, refere-se a António Ferreira, esclarecendo “que [se] não operou senão em barro, ou cera, não deixa por isso de ser Escultor”. Ora, tanto Machado Ferreira como António Ferreira, e de um modo geral todos os escultores da época, praticaram uma escultura de pequeno formato, em barro, onde a modelação impera.
Dos mais conhecidos presépios de Machado de Castro, destacam-se o da Igreja da Sé Patriarcal de Lisboa e o da Basílica da Estrela, também em Lisboa.
António Ferreira criou, também, importantes presépios, entre outros foi ele o escultor do enorme presépio da Igreja Madre de Deus, situada em Lisboa.
Nesta época, os presépios têm uma presença constante em igrejas, conventos e lares particulares. Infelizmente, muitos desses presépios foram desmantelados, como é o caso do famoso exemplar da Cartuxa de Laveiras, mesmo assim subsistem montados bons exemplares como é o caso do da Sé (1776), o da Basílica da Estrela (1782), o da Igreja de S. José, o da Capela da Senhora do Monte e o da Igreja dos Mártires; desmontados ou apenas com figuras avulsas estão em vários museus, como o Museu da Arte Antiga e do Azulejo.

Os presépios são largas narrativas que contam com a participação de pequenas figuras. Contudo, também existem em pequeno formato, com menor número de figuras e com uma narrativa mais sintética, como o do Palácio de Mafra, este é um pequeno presépio em madeira atribuído a José de Almeida.

De entres os presépios de maiores dimensões, temos como exemplos: o da Estela com cerca de 500 figuras e o da Madre de Deus com cerca de 200. Um outro presépio de grande dimensão encontra-se no coro alto do Mosteiro de Santo André de Ponta Delgada, nos Açores, e integrado no Museu Carlos Machado.

No século XIX, o presépio começou a ser objecto da arte popular, caindo em desuso a criação de presépios de monumentais.
Com introdução, em Portugal, do costume da árvore de natal no século XX, o presépio, infelizmente, passou para segundo plano.

Para quem quiser saber mais, deixo uma sugestão de livro:


Alexandre Nobre Pais reúne, neste magnífico álbum, amplamente ilustrado, alguns dos mais importantes presépios nacionais, incluindo vários de colecções particulares. Um documento raro da bibliografia portuguesa.
Neste livro poderá conhecer as origens de uma tradição secular, as histórias da História do presépio, do séc. XVIII, e algumas das colecções privadas, habitualmente afastadas dos olhares públicos. Uma arte muito representativa da religiosidade do nosso país, que, por falta de exemplos conservados, não tem conseguido afirmar-se como arte maior de reconhecida originalidade.

Proximamente: A tradição da Árvore de Natal


Beijinhos com cheirinho a musgo






13 comentários:

Luna disse...

Cá estou eu para degustar as tuas palavras e sair mais culta.
beijinhos

Licas disse...

Adorei a descrição, as imagens e sobretudo ter-te conhecido.
Uma beijoca
Licas

Beijinhos de cor disse...

Luna

Mais culta?
Não me acredito que os meus posts te tragam mais cultura! Algum entretenimento , talvez...

De qualquer forma, é sempre um prazer ver por aqui os meus amigos Nazarenos, de quem me habituei a ter companhia diária.

Beijinhos com pó de Estrela minha amiga.

Beijinhos de cor disse...

Licas

Também eu gostei muito de te conhecer. Lentamente a Blogosfera está tornar-se realidade e com boas e belas pessoas.

O que veio estava impecável!

Beijinhos doces

Quica

fj disse...

Pronto já li...mas não o livro, li apenas o teu post.
Agora há que escolher o melhor e ...cada um à sua maneira,como é tradição, fazer a sua melhor representação (apresentação do seu presépio)
Beijinhos e bons estudos...vou ali buscar musgo!

fj disse...

Sabes?, estou a gostar da tua participação!

Grande "luta" que vai ser esta edição das blogOlimpiadas.
Há sempre um novo participante, que surpreende pela positiva.Ainda bem q issi acontece, só assim é possivel continuar com as blogOlimpiadas lá pelo 100maisnemenos.

vou apanhar o musgo ...q já se faz noite!
;)

Tite disse...

Hoje também eu me cultivei um pouco mais sobre a origem e história dos Presépios.

Em pequena não tinha essa tradição, mas agora não prescindo de ter vários até porque faço colecção.

Claro que, se tivesse as minhas netas a passarem comigo esta quadra maravilhosa, quereria fazer com elas a montagem de um Presépio gigante à entrada da porta, com palhas, pedras, folhas, musgo e tudo e tudo e tudo a que teriam direito pois iríamos apanhar isso tudo no mato das redondezas.

Assim...

Beijos com cheiros de mato

Beijinhos de cor disse...

Fajotinha

vieste aqui ver se eu tinha cá as respostas? querias, não querias?

Olha que a Licas e a Tité andam por aqui!!!

ainda bem que tenho agradado ao meu anfitrião dos estudos!

Eu sempre disse que o mestrado chegava. Agora já não sei...

Vai lá ao musgo, que eu já fui!

Beijinhos com Pózinho de canela vinda do mar Egeu! ihihih!

Beijinhos de cor disse...

Titinha

Nós nunca estamos satisfeitas com aquilo que temos. Eu também!!!!!
Porque é que havemos de querer sempre aquilo que não podemos ter?

Como eu te compreendo! Isto de ser avó pentóbabada, tem que se lhe diga!

Beijinhos minha querida com sabor e cheirinho a queijo da serra(a minha Estrela)com uma fatia de pão de ló!

Tite disse...

Pózinho,

Já que andas sempre a dar-me coisas doces, hoje comprei coscorões com sabor a calda de açúcar e canela.
És servida? Chega-te à frente...

Jokas

Beijinhos de cor disse...

Titézinha

Ah malandreca! tu tás-me a desafiar!!!!

Mas eu comi umas natas do céu, para esquecer alguns infernozinhos que por aqui andam.

Quando é que metemos as duas os pés debaixo da mesma mesa?

Já conheço Ovinho, a Canduxa e a Likas. Já conhecia de há muito tempo a Pin, agora era a tua vez e da M.ª Emília!!!

Ah! parece que a Graça também é daqui das nossas costas! Lá que era giro era!

A Canduxa Com taparuéres, a Ovinho, a Pin e a Graça, com reco reco, eu com um vinhinho do Douro e umas rabanadas assadas e tu com uns coscorões! Temos que perguntar à M.ª Emília, qual é a gracinha dela!Diz lá que ia bem!!! :)

Beijinhos com cheirinho a perú, bem tostadinho e recheado com tudo o que lhe compete!

Tite disse...

Ó que raio!!!!

Esta "melher" dá cabo de qualquer dieta!!!!

Pois eu adorava conhecer algumas caras blogoesféricas e confesso que, logo que volte a viajar por esse país fora algumas irei encontrar. No entanto, enquanto isso não acontecer fico à espera que algumas venham ao meu encontro como já aconteceu com a Cátia e a nossa querida amiga Licas que adorei conhecer ao vivo e a cores.

E já que falamos em petiscos, o grupo das BlogOlimpíadas já tem apalavrado um encontro para Fevereiro onde se irá degustar o sável mai'la sua boa açorda de ovas. Acho que será espectacular encontrar as caras dos nomes com que cruzamos vezes e vezes sem conta ao longo do ano. Não achas?

Mas se quiseres antecipar o nosso encontro vem ter comigo este Domingo onde irei fazer uma feijoada a pedido do meu marido, muito semelhante às que se fazem lá para os lados de Trás-os-Montes.

E esta hein!!!!!

Beijocas sem cheios par não enjoares

Tite disse...

Para não eliminar o comentário anterior, rectifico a despedida...

Beijocas sem cheiros par não enjoares

(assim está melhor9