terça-feira, 28 de julho de 2009

A história do meu Menino Jesus

É tempo de férias, de pausa, de divertimento, de restaurar forças.
Vou-me retirar para o meu cantinho entre serras encantado.
Vou regar a horta e as flores,
ler deitada na minha rede,
deliciar-me com a minha neta
ver as estrelas e o luar...
No entanto, não podia ir sem vos deixar algo de que gosto muito.
é um pouco longo, mas vão ter algum tempo para o ler...
... Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
tornado outra vez menino,
a correr e a rolar-se pela erva.
...
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o Deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
É por isso que eu sei com toda a certeza
Que Ele é o Menino Jesus verdadeiro.
...
A Criança Nova que habita onde eu vivo
dá-me uma mão a mim
e a outra a tudo o que existe
e assim vamos os três pelo caminho que houver,
saltando, cantando e rindo
e gozando o nosso segredo comum
que é o de saber por toda a parte
que não há mistério no mundo
e que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que Ele me faz, brincando , nas orelhas.
...
Ao anoitecer brincamos às cinco pedrinhas
no degrau da porta de casa,
Graves como convém a um Deus e a um poeta
e como se cada pedra
fosse todo um universo
e fosse por isso um grande perigo para ela
deixá-la cair ao chão.
...
Depois Ele adormece e eu deito-O.
Levo-O ao colo para dentro de casa
e deito-O, despindo-O lentamente
E como seguindo um ritual muito lindo
e todo materno até Ele estar nú.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
e brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
e bate as palmas sozinho
sorrindo para o meu sono.
...
Esta é a história do meu Menino Jesus
Poemas de Alberto Caeiro
Depois deste poema, nada tenho a acrescentar.
Vivam felizes e encontrem o Menino Jesus
que vive dentro do coração de cada um de nós.
Um Beijinho cheio de Pó de Estrela.

sábado, 25 de julho de 2009

Há algum tempo, encontrei numa livraria, um livro que me chamou a atenção pelo seu título "Cartas a Deus", e pelo logótipo da AMI.
Mais surpreendida fiquei, quando vi o nome de algumas personagens portuguesas que conhecemos como agnósticos.
Assim, comprei o livro e tenho-me surpreendido com algumas cartas que lá encontro; Todas dão para pensar, pois os co-autores, sejam cristãos ou não, escreveram todos a Deus...
Deixo-vos o final da carta da M.ª João Seixas.
Espero que vos abra o apetite e vos leve a comprar o livro, pois os direitos de autor revertem a favor da AMI.
... « um recado em jeito de oração
Acredito em Deus de uma forma orgânica.
Deus vive em mim, dentro de mim, ao ritmo das minhas pulsações, da minha respiração.
Comunicamos por uma misteriosa, clara, luminosamente real, voz interior.
Não Lhe atribuo olhos, mãos, corpo.
Nunca, por isso me imaginaria a escrever-Lhe uma carta.
No entanto, para efeitos do desafio proposto pelas publicações Pena Perfeita, vou enviar um recado, inspirado nos Diários e Cartas de Etty Hillesum, judia holandesamorta em Auschwitz, uma notável mulher que me foi revelada por Maria Filomena Molder.
Vou mandar imprimir, em pleno coração, uma prece-
" Deus preciso de ajudar-Vos a ajudar-me" »
Maria João Seixas
(Jornalista)
In Cartas a Deus, autores vários, Lisboa 2006, publicações Pena Perfeita

domingo, 19 de julho de 2009

Pedra Amada

Na pedra nasci
e cresci
embalada pela Estrela
na pedra envelheci
*
sorri
*
embalando outra estrela
na pedra
*
semeio sonhos
afogo tristezas
recordo amores
recolho defesas
Pedra dura
firme
intemporal
pedra amada
que fez de mim
mulher
com gosto de Fada
De pedra
*
são os meus sonhos
sem tempo
sem fim
de pedra
*
é a esperança
que guardo
*
...em mim
*

domingo, 12 de julho de 2009

Quem me manda a mim

Quem me manda a mim
sonhar o que não devo sonhar?
Enrolo a minha alma
em sobressaltos de ternura
e desenrolo o coração
num querer que não perdura
como pedra dura
que água não vê
vou-me embebendo de secura
numa loucura
de quem bebeu
e que ao longo do tempo
a fonte perdeu
enrolo os meus braços
no nada do meu ter
fecho os meus olhos
para nada ver
deslizo no sonho
envolvo-me no meu querer
e deixo-me levar
até que os sentidos
encontrem paz
para serenar...
quem me manda a mim
ter a ousadia de sonhar!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Volto logo...

Fiquem com a minha amizade até que eu volte :)
E depois também, claro!
Olá a todos.
Estou aqui só para avisar que possivelmente só venho "blogar Convosco" Na próxima segunda feira. (se vier mais cedo, será bom sinal !)
Até lá ficam no meu coração.
Prometo que depois volto com muitas estrelinhas.
Beijinhos cheios de Pó de Estrela

domingo, 5 de julho de 2009

Os Sonhos

" A Rosinha, o mar e os Sonhos" - Ilustração de Catarina França
Tal como prometi, aqui venho mostrar um bocadinho dos livro "A Rosinha, o Mar e os Sonhos".
de Rosário Alçada Araújo da editora Gailivro
É uma boa forma de vos poder mostrar como uma boa escritora pode "ensinar" os valores da vida, envolvendo-os em magia e tornando a sua aprendizagem numa forma agradável e criativa. O Sonho, seja ele qual for, comanda a nossa vida, e a nós cabe dar-lhe vida ou deixá-los morrer Espero que gostem, que se divirtam e que alimentem os vossos sonhos. ...Durante os dias que se seguiram, a Rosinha continuou a ir à praia e a sentar-se em frente ao mar, apreciando o trabalho tão precioso das suas águas. A conversa com a Sereia Íris deixara-a pensativa. Até ela, que era tão sonhadora, corria o risco de não cuidar dos seus sonhos. E essa preocupação instalara-se no seu coração, que não iria descansar enquanto não encontrasse uma resposta. O tempo foi passando, o Sol visitava e despedia-se da praia todos os dias. Às vezes, a Rosinha mergulhava no mar, para ver se via os sonhos de que a Sereia Íris falara. Quem sabe se depois de os ver, depois de saber de que eram realmente feitos, ela soubesse como cuidar deles ... Mas a verdade é que não via nada de novo. Quando saía do mar, ainda pensava que talvez levasse sonhos agarrados aos seus braços. Mas depois lembrava-se das palavras da Sereia Íris e recordava que os que apanham sonhos são aqueles que estão atentos ao que acontece à sua volta, e não os que mergulham no mar. Certa vez, mesmo ao fim da tarde, a menina resolveu passear nos rochedos, subindo a uma rocha muito alta, situada perto de uma grande falésia, que deixava ver a imensidão da praia. Com os cotovelos apoiados nos joelhos, a Rosinha sonhava sobre como cuidar dos sonhos. Foi quando ouviu uma voz, dizendo muito baixinho: - Força, Formiga sem fadiga! Continua! A menina olhou para o lado e viu uma formiga caminhar apressada, com as suas patinhas ligeiras. Depois de ter conhecido uma sereia e de saber que o mar guarda sonhos, escutar a voz de uma formiga não assustou a Rosinha. - Formiga, com quem falas? - Perguntou. A formiga esticou a cabeça para poder ver a Rosinha e respondeu: - Comigo mesma! Ou estará aqui mais alguma formiga que eu não esteja a ver? Quando me ponho a caminho, repito para mim "Força, Formiga sem fadiga!". - A caminho de quê? - Da Lua. - Da Lua?? - a Rosinha não queria acreditar. - Eu tenho o sonho de um dia tocar na Lua. Quero sentir a sua prata e luz. Quero saber a que sabe e de que é feito o seu brilho. Por isso, há alguns anos atrás pus-me a caminho, para conseguir chegar à Lua. - Mas como sabes tu que um dia conseguirás tocar na Lua? - Isso, realmente, não sei. Ninguém sabe - concordou a formiga. - Mas o caminho que tenho percorrido já vale mais do que tocar na Lua. A Rosinha pousou a sua mão mesmo ao lado da formiga, de palma virada para cima, para onde o pequeno animal subiu de imediato. Depois colocou a formiga sobre os joelhos, mesmo em frente dos seus olhos. - Podes explicar melhor o que estás a dizer? - Com certeza! - Continuou a formiga. - Por querer tocar na Lua, venho de muito longe, para subir a esta falésia. Não é a primeira montanha a que subo. Já andei por outras que, apesar de não ter servido para realizar este meu sonho, mostraram-me diferentes horizontes e deram-me a conhecer gentes com muita riqueza. Já andei por muitos caminhos onde pedi ajuda a diferentes animais e outros houve que foram eu quem os ajudou. Se não me tivesse posto a caminho, nunca os tinha conhecido. Então, o meu sonho de um dia tocar na Lua já valeu a pena ter sido sonhado e merece ser sonhado todos os dias. E digo-te mais: apesar de alguns momentos e dias de desalento, continuo a acreditar que um dia vou tocar na lua. Por isso é que todas as manhãs, quando o sol desponta, me ponho a caminho. A menina voltou a pousar a formiga no chão. Antes de se despedir, fitou o pequeno animal com olhos muito doces e desejou-lhe, do fundo do coração que um dia tocasse na Lua e que até lá, fizesse um caminho. A Rosinha compreendeu então que a melhor maneira de cuidar dos sonhos era pôr-se a caminho. E assim como a formiga, com o seu próprio caminhar convidara a Rosinha a cuidar dos seus sonhos, também ela poderia servir de convite a todos os que se cruzassem no seu percurso. Desde esse dia, prometeu a si mesma sonhar sonhos de todas as cores. Percorreu e continua a percorrer muitos caminhos e atalhos e em certas ocasiões atévolta para trás, tudo para cuidar dos seus sonhos. E nunca esquece o mar, que todos os dias traz sonhos do Castelo do Grande Tesouro e os oferece aos homens, para que voem mais alto.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Mais uma do Sr.(?) Rui Rio!!!

Pois é ...é mais uma a juntar ao caudal do Rio (o Rui claro está)
Não é que eu hoje recebo a notícia que até do nosso Palácio de Cristal este abécula se quer desfazer?
Que fizemos nós portuenses para merecermos tamanho caudal de Rio infecto?
Mais uma vez ( e a Mariz vai dizer que tudo tem o seu caminho! Eu sei Mariz, mas este é bem tortuoso...) eu tenho que gritar a minha indignação!
Já assinei a petição, pois sim senhor!
( visitem o blog que postei abaixo) e também protestei.
Para além de me desempregar a filha, de retirar aos artistas do Porto, o único local onde podíamos ver as suas criações livres(Rivoli), de transformar a avenida dos Aliados numa pedreira escura onde nada verde cresce... agora também me quer tirar o lugar onde fiz as festas de anos quase todas do meu filho, onde eu namorei com o meu marido, onde eu descanso as minhas frustações?
Ora bolas lá pró homem! e ainda querem que ele ganhe outra vez! :(((
Visitem o blog, leiam "Às palavras comuns" e depois digam alguma coisa!
Vossa Pó de Estrela ( furibunda) (Ó Canduxa tu vê lá se eu não tenho razão...Não me mandes serenar...)
"Com vacas magras conseguimos nós viver. Com bois estúpidos é que não."
(desculpem lá mas encontrei esta frase no mesmo blog, numa postagem sobre o cinema do Terço (que saudades...) e não resisti! Ó Catarina tu desculpa,mas esta tá demais!!!
Leiam e divulguem
pic-nic nos jardins do Palácio / o espaço público é nosso Dia 12 de Julho, domingoencontro às 16hParque das Merendas dos Jardins do Palácio de Cristal.Às palavras comuns vamos juntar uma celebração colectiva fazendo o que fazemos sempre: usando o espaço público. Traz lanche, bicicleta, triciclo, malabares, música... mas vamos também ouvir e viver o jardim romântico que nos resta no centro do Porto.Contra a privatização do espaço público e a destruição sem critério do património da nossa cidade. Pela salvaguarda do Pavilhão Rosa Mota e seus jardins como equipamento público para usufruto de tod@s.Aparece e divulga!A melhor forma de defender o espaço público é celebrá-lo.