Nestes dias em que a alma
anda mais perto dos olhos e do coração
e em que , pelo menos eu, medito naquilo que é a minha vida,
naquilo que fiz e posso fazer,
no que não fiz mas ainda quero fazer,
dou comigo a pensar no porquê desta inquietação,
deste "despudor" de emoções,
deste acordar para o que não se disse ou não se fez
desta vergonha ,
desta pena que poderia não ter sentido
(e não ter sentido, enquanto pena!)
Nestes dias,
em que sentimos num abraço todo o poder do Mundo,
num beijo, toda a ternura das mães da terra,
nestes dias... penso no perdão.
Não no perdão aos outros,
esse é fácil, para quem tem o coração cheio de amor.
É no perdão a mim mesma, que eu penso.
invariavelmente concluo que é o mais difícil,
o que mais dói,
o que mais entristece
e o que mais custa a aceitar!
Há sempre a tentação dos "ses", dos "mas"dos "talvez"...
É então quando acordamos desse sono profundo
que envolve a nossa culpa
como se papel de seda se tratasse
para que não lhe pudessemos mexer
não fosse ele rasgar-se...
Embrulhada neste "sim, não",
dou por mim enrolada no sofá
fungando,
(quiçá, cheia de pena do meu "eu", que por vezes embalo, como se de um bebé se tratasse)
olho para a estante dos mil livros preciosos
e abro um ao calha!
Fala de perdão!
e de uma forma tão clara e tão doce
que logo aliviou o meu nublado coração
É esse poema que vos deixo aqui
em forma de remissão.
Fiz a maldade e olhei Jesus
Ele baixou os olhos e corou.
e toda a gente julgou
que quem fez a maldade foi Jesus
E todos Lhe perdoaram...
- Obrigada Menino! mas agora
tira os olhos do bibe e vem brincar,
que eu prometo, para não Te ver corar,
já não fazer das minhas.
Anda jogar ao pé das flores, no chão,
comigo, às cinco pedrinhas...;
anda jogar para esqueceres
o preço do meu perdão...
Sebastião da Gama (Serra Mãe)
Depois de ler este poema, nada há a acrescentar...
Beijinhos cheios de Pó de Estrela