domingo, 12 de abril de 2009

Hoje é dia de Páscoa! Parece mentira, mas estou no Porto! habitualmente neste dia costumo estar em Queimada, e a esta hora à espera do" Compasso". Para quem não sabe, na aldeia no dia de Páscoa, toda a gente veste roupa nova, ( nem que sejam as cuecas), para simbolizar a pureza do Dia. O dia em que Jesus ressuscitou dos mortos! Logo de manhãzinha, somos acordados por uma "foguetada" que mete medo até aos anjinhos! Mas lá que é engraçado é... depois vem o grupo de bombos, acordar toda a gente, isto às 7 H da manhã, porque é preciso levantar para não se faltar à Missa ( Faltar à Missa no dia de Páscoa é pecado mortal!), mas antes disso é meter a lenha no forno, para que antes de ir para a missa lá fique metidinho o animal que simboliza a Páscoa de Cristo, ou seja, o cordeirinho, bem acompanhado de batatinhas e de um arroz feito com a calda das "fressuras" do dito, mais um naco de bom salpicão e uma coxa de pica no chão, para lhe dar a gordurinha e o sabor! Ah! não esquecer a hortelã e o rosmaninho! A missa é de honra, mas corridinha, porque é dia de grande azáfama! Depois, bem depois, metem-se as pernas debaixo da mesa e só de lá saiem depois de comer o bolo podre( que é doce, feito no forno a lenha e ainda tem uma folha de couve agarrada no fundo, também essa bem tostadinha!)e beber um bom vinho generoso, sim, que o vinho do Porto é só para as visitas e para o Sr. Abade. Os da casa bebem o vinho que não é tratado... Tarda que não tarda, ouvem-se as campainhas e lá vem o Sr Abade, mais o Menino da Cruz e o da caldeirinha e claro, aquele que recolhe parte do sustento de quem distribui a benção pela freguesia. A casa fica abençoada para o ano inteiro, não vá o mafarrico lembrar-se de lá aparecer... fica-se por ali a ver para onde vão as campainhas, a falar com os vizinhos, a dar a volta à horta a ver se a novidade já começa a aparecer, e todos ficamos "limpos", com a consciência de mais uma tradição e dever cumpridos. Não há televisão, não há computador, (se eu lá estivesse não escreveria esta lenga, lenga...)não há cinemas nem shopings! Ouve-se o cuco que aflito anda à procura de um ninho para por os ovos, os melros, que passarinham com as suas melras, as borboletas que volteiam pelo jardim e ao finalzinho da tarde, já com o fresquinho a pedir para ir para a lareira, vê-se o pôr do sol, que se vem deitar aqui no nosso mar que abraça o Porto. Para o ano onde estarei?

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá maninha!!!
Fui "cuscar" o teu Blog e mais uma vez pensei que estás a perder tempo... escreve que se veja!
Tens no teu interior um mundo de magia e doçura que se não o passares para o papel se irá perder.
Imagino o bem que pode fazer a tantas e tantas pessoas "grandes e pequenas"... No fundo, no fundo... invejo-te um bocadinho por fazeres tudo tão bem e com tanta alma. A tua envolvência é digna de grandes luzes e de ser reconhecida por todos os que te conhecem e os que não.
Aposta no papel... deves isso a este mundo.
Milhões de jinhos pelo que já li.
Adoro-te!
Magui

nandokas disse...

Olá,
Ao ler este teu texto levaste-me para recordações com muitos e muitos anos. Em miúdo, nas férias da Páscoa da escola primária, ia, em alguns anos, para casa da minha avó materna em Jancido, Foz do Sousa [agora aqui bem perto do Porto, mas tão longe na altura...].
A tua descrição está perfeita, pois eram também assim os dias de Páscoa na aldeia do meu pai [e, com excepção do "compasso", também eram assim os dias do santo padroeiro, lá mais para a frente, no verão]. Obrigado pela tua partilha.
Beijinhos